Segurar pum pode gerar síndrome no intestino e até 'estourar' órgão; entenda

Por mais constrangedor que seja soltar gases em público, especialistas alertam: segurar o “pum” pode trazer consequências graves para a saúde intestinal, indo muito além do simples desconforto social momentâneo. O CORREIO ouviu o médico coloproctologista Ramon Mendes que explicou por que não se dever ter esse hábito, principalmente de forma constante. 

"Prender os gases esporadicamente não causa problemas. O maior transtorno é quando isso se torna frequente e por longos períodos. Quando segura os gases por um longo período isso vai levar a distensão abdominal e dores tipo cólica, pois o intestino continua a produzir os gases constantemente", garantiu o especialista titular da Sociedade Brasileira de Coloproctologia.

O médico alerta para os problemas intestinais. "Ao segurar os gases com muita frequência isso pode levar a um retardo no trânsito intestinal deixando ele mais lento com o tempo. O ideal é sempre que tiver vontade procurar um lugar mais tranquilo e liberar os gases", aconselha o profissional. 

Além da dores abdominais e mudanças intestinais, segurar o "pum" pode gerar distensão, náuseas, em casos mais extremos pode contribuir para condições como a síndrome do intestino tímido (parcoprese) e a síndrome do intestino irritável (SII). “Quando você segura um pum, você contrai os músculos do esfíncter anal, os mesmos que ajudam a controlar o momento de evacuar”, explicou ao jornal O Globo Elena Ivanina, diretora de neurogastroenterologia e motilidade do Hospital Lenox Hill.

É consenso entre os médicos que o gás acumulado no trato gastrointestinal precisa encontrar uma saída, seja em forma de arroto ou flatulência. Se bloqueado, ele aumenta a pressão interna, levando ao inchaço e à dor. “Seu intestino é como um tubo: não dá para conter muito. Quanto mais se expande, mais desconfortável fica”, destacou ainda Ivanina.

Já a gastroenterologista Rosario Ligresti, chefe do Hackensack University Medical Center, reforçou que a recomendação médica é simples: “Deixar fluir.”  A medica explica que além do incômodo imediato, o hábito constante de segurar os gases pode, em pessoas com condições prévias, causar lesões graves, especialmente se houver obstruções no cólon, como hérnias ou tumores. Ainda segundo ela, em situações raras, parte do intestino pode até estourar, gerando complicações potencialmente fatais.

Os dados mostram que as mulheres sofrem mais pressão social para “segurar”, o que agrava o problema. Um relatório britânico de 2019 revelou que elas representavam 60% das internações por constipação e tinham sete vezes mais chances de desenvolver colite microscópica, uma inflamação debilitante do cólon.

O alerta final dos especialistas é claro: a flatulência é um processo natural do corpo humano, e segurar por vergonha ou constrangimento pode custar caro à saúde. A prevenção, por sua vez, a por hábitos alimentares saudáveis, consumo consciente de fibras e, principalmente, por normalizar algo que faz parte da fisiologia de todos.