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Rodrigo Daniel Silva
Publicado em 3 de junho de 2025 às 05:30
Antes de tudo, eu preciso avisar ao leitor (ou à leitora): não trago aqui uma resposta definitiva para a pergunta no título deste artigo. O que ofereço são reflexões, porque, sinceramente, não acredito que o cenário eleitoral na Bahia para 2026 esteja fechado - nem em relação aos nomes, muito menos às alianças. Pelo contrário: ainda há muita água para ar por debaixo da ponte. Assim como aconteceu em 2022, o caminho até 4 de outubro de 2026 ainda pode surpreender muita gente. >
E uma dessas possíveis surpresas - que, para mim, nem seria tão surpreendente assim - é uma eventual desistência do senador Jaques Wagner da disputa pela reeleição ao Senado. Na semana ada, é verdade, o petista reafirmou sua pré-candidatura em entrevista à rádio Metrópole. Mas convém tirar o pó da memória: em 4 de abril de 2021, na mesma emissora, Wagner também garantiu que seria candidato ao governo da Bahia no ano seguinte. O que aconteceu? Exatamente 361 dias depois, uma nota oficial selava sua saída da corrida eleitoral e provocava um terremoto político no estado.>
Há várias razões que poderiam levar Wagner a querer (ou não) ser candidato. A primeira - e talvez a mais óbvia - é a necessidade de ter mandato. Todo mundo na política sabe: sem mandato, o espaço diminui, a influência encolhe. Wagner seguiria como o nome mais importante do grupo? Ou começaria a ser ameaçado pela figura de Rui Costa, atual ministro da Casa Civil (que até diz querer ir para o Senado, mas que talvez sonhe, no fundo, em voltar ao governo da Bahia)?>
Cabe um parêntese aqui: Rui gostaria mesmo é que Jerônimo Rodrigues fosse seu Muniz Sodré - aquele que, no início do século ado, “esquentou a cadeira” para J.J. Seabra reassumir o governo baiano quando não havia reeleição. Rui, como diria o ex-deputado Marcelo Nilo, talvez esteja é com saudade de ter “tinta na caneta”.>
De volta a Wagner. O senador petista pode, por outro lado, abrir mão da candidatura à reeleição em nome da unidade do grupo político - algo que ele mesmo já itiu, em entrevistas, como uma hipótese real. Ainda assim, outras hipóteses merecem ser consideradas. Será que ele teme que Rui Costa tenha mais votos que ele numa disputa ao Senado, o que abriria margem para uma disputa pelo comando do grupo? Será que Wagner começa a perceber que uma chapa com três nomes petistas pode ser fraca eleitoralmente? Ou será que, diante do desgaste crescente em seu campo político, ele prefira evitar o risco de encerrar a carreira com uma derrota nas urnas?>
Até o início de 2026, é improvável que essa definição venha. O certo é que, se decidir não ser candidato, Wagner já tem desculpas na ponta da língua. Pode alegar que abre mão em nome da unidade, ou mesmo que Lula precisa de um operador em Brasília, num papel estratégico na campanha presidencial.>
O tempo - sempre ele - nos dará respostas às perguntas.>