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Carol Neves
Publicado em 6 de junho de 2025 às 10:31
O número de brasileiros que se declaram católicos atingiu o menor patamar desde o início dos registros oficiais, em 1872. Segundo os dados divulgados nesta sexta-feira (6) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), com base no Censo de 2022, 56,7% da população afirmou seguir a religião católica - o índice mais baixo desde que o tema começou a ser medido, há mais de 150 anos, quando 99,7% se declaravam católicos. >
Apesar da retração, o catolicismo ainda é a maior fé professada no país. No entanto, os evangélicos vêm ganhando espaço de forma constante: já representam 26,9% da população, o equivalente a cerca de um em cada quatro brasileiros. Esse crescimento de 5,2 pontos percentuais entre 2010 e 2022 é menor do que o avanço registrado entre os Censos de 2000 e 2010, que foi de 6,5 pontos, mostrando uma redução no ritmo de crescimento. Confira o cenário na Bahia.>
A queda mais brusca do catolicismo aconteceu entre 2000 e 2010, quando a proporção recuou de 74,1% para 65,1%. Na década seguinte, o ritmo de declínio foi um pouco menor: caiu mais 8,4 pontos percentuais, até os atuais 56,7%. Ainda assim, os católicos continuam sendo o principal grupo religioso na maioria dos municípios brasileiros — 4.881 das 5.570 cidades. Em 20 municípios, o catolicismo é seguido por mais de 95% da população, sendo a maioria deles no Rio Grande do Sul, com forte influência da imigração europeia. Já os evangélicos são o maior grupo religioso em 244 municípios, e em 58 deles já representam mais da metade da população. >
Os espíritas, que compunham 2,2% da população em 2010, agora são 1,8%. Por outro lado, seguidores de religiões afro-brasileiras, como umbanda e candomblé, triplicaram sua presença, ando de 0,3% para 1%.>
O grupo dos que se declararam sem religião também teve crescimento: subiu de 8% para 9,4% entre 2010 e 2022. A diversidade religiosa aumentou ainda com a presença de praticantes de tradições indígenas, que aram a representar 0,1% da população, e de outras crenças que, somadas, saltaram de 2,7% para 4%. A proporção daqueles que não sabem ou preferiram não declarar uma religião foi de 0,2%.>
O IBGE ainda não confirmou se divulgará um detalhamento mais específico das religiões dentro dos grandes grupos — como fez no Censo de 2010, quando mostrou a distribuição entre Assembleias de Deus, Batistas e outras denominações evangélicas. O instituto afirma que essas informações podem ser disponibilizadas em fases futuras da divulgação do Censo.>
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O recorte regional revela variações importantes. Os católicos se concentram mais no Nordeste (63,9%) e no Sul (62,4%). Já os evangélicos têm maior presença no Norte (36,8%) e no Centro-Oeste (31,4%). A maior densidade de espíritas está no Sudeste (2,7%), assim como a de umbandistas e candomblecistas (1,4%). Entre os que não professam nenhuma fé, o Sudeste também lidera, com 10,5%.>
O levantamento também destacou diferenças por sexo. Entre os que se identificam como sem religião ou ligados a tradições indígenas, há predominância masculina (56,2% e 50,9%, respectivamente). Nos demais grupos, as mulheres são maioria, com destaque para o espiritismo, em que representam 60,6%.>
Já na análise por cor e raça, os dados mostram que os brancos são maioria entre espíritas (63,8%) e entre os praticantes de religiões afro-brasileiras (42,9%). Os pardos se destacam entre os evangélicos (49,1%) e entre os sem religião (45,1%). No catolicismo, há um equilíbrio: 45,9% são brancos e 44% pardos. Nas tradições indígenas, 74,5% dos praticantes se autodeclaram indígenas.>