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Câncer de próstata: a ciência desenhando novos caminhos para jornada do paciente

As células deste tipo de câncer utilizam, em grande parte, da testosterona para seu crescimento

Publicado em 5 de junho de 2025 às 05:00

Para muitos homens, receber o diagnóstico de câncer de próstata pode representar o início de uma jornada de desafios e incertezas. Essa trajetória, que nem sempre é linear, é marcada por individualidades que vão desde as características do tumor à resposta aos tratamentos disponíveis.

Felizmente, estamos em um momento em que a história do câncer de próstata tem sido ressignificada e novas alternativas de tratamento têm permitido que pacientes vivam com a doença com mais qualidade e tempo de vida. Para chegarmos até aqui, foi fundamental entendermos como esse câncer se comporta.

Esse tumor costuma ter um comportamento heterogêneo, evoluindo tanto de forma lenta, quanto agressiva. Ele pode se apresentar como uma doença local, restrita à próstata; localmente avançada, quando se expande para os tecidos vizinhos; e metastática, quando atinge outras partes do corpo, como os ossos.

Além de sua localização e extensão, existe outra classificação essencial para o tratamento adequado: a dependência hormonal. As células deste tipo de câncer utilizam, em grande parte, da testosterona para seu crescimento. Por isso, uma das primeiras linhas de tratamento, especialmente nos casos metastáticos, é a chamada terapia de privação androgênica (ADT), que reduz os níveis desse hormônio. Quando o tumor responde a essa estratégia, ele é um “câncer de próstata sensível à castração”. Entretanto, alguns tumores encontram mecanismos para evoluir mesmo com níveis reduzidos de testosterona. Nesses casos, a doença evolui para um estágio ainda mais desafiador, conhecido como resistente à castração - e é exatamente nesses cenários, o metastático sensível e o resistente à castração, que temos inovações disponíveis.

No contexto do câncer de próstata metastático sensível à castração, o estudo ARANOTE apresentou resultados referentes ao uso da darolutamida, um inibidor do receptor de andrógeno, que, quando combinada ao tratamento padrão com ADT, mostrou uma redução de 46% no risco de progressão da doença ou morte, em comparação com o uso isolado da terapia hormonal. O diferencial desta molécula está no seu mecanismo de ação e na sua segurança: ela bloqueia os sinais da testosterona que estimulam o crescimento do câncer, tendo baixo potencial de atravessar a barreira hematoencefálica, uma estrutura que protege o sistema nervoso central. Isso faz com que a droga seja bem tolerada e tenha baixa toxicidade, não gerando muitos efeitos colaterais e interações medicamentosas, o que garante mais qualidade de vida aos pacientes, que podem manter suas rotinas com autonomia e bem-estar.

No cenário do câncer de próstata resistente à castração, especialmente quando há metástases ósseas, vemos o dicloreto de rádio-223 em destaque por atuar de forma altamente seletiva nas áreas do osso onde há presença do tumor. Ele se comporta como o cálcio, sendo absorvido pelo tecido ósseo afetado e, ali, liberando partículas que destroem as células tumorais de maneira precisa, preservando o tecido saudável ao redor. O estudo PEACE III reforçou os benefícios desse tratamento: o uso do rádio-223 com um bloqueador do receptor de andrógeno resultou em uma redução de 31% no risco de progressão da doença, além de proporcionar uma sobrevida média de 42,3 meses — um ganho significativo em comparação a outras opções disponíveis para esse paciente. Além disso, a terapia contribui para o alívio da dor óssea, redução do risco de fraturas e melhora da qualidade de vida.

Se antes a preocupação estava centrada apenas em prolongar a vida, hoje, a garantia de que esse tempo seja vivido com mais saúde, menos efeitos colaterais e mais bem-estar também é um objetivo importante do tratamento. Nesse cenário, é fundamental avançarmos em políticas públicas para que esse avanço científico seja efetivamente ível a todos para que cada vez mais pessoas possam trilhar a jornada contra o câncer de forma digna e otimista, com informação, acolhimento, agilidade e personalização.

Denis Jardim é Especialista em Cancerologia pela Associação Médica Brasileira e pela Sociedade Brasileira de Cancerologia, com formação no MD Anderson Cancer Center e professor de Pós-Graduação em Ciências Médicas do Hospital Sírio Libanês.