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Luiza Gonçalves
Publicado em 9 de junho de 2025 às 05:00
Quem foi ao Pelourinho ontem à noite encontrou as ruas de pedra em clima de cidade do interior no melhor da festa de São João: música, comidas típicas e cores que alegram a multidão. No corredor de bandeirolas que conduz da Rua Chile à Praça da Cruz Caída, crianças, adultos e idosos acompanharam em festa o Cortejo Junino, parte da programação junina da prefeitura para o Centro Histórico, que acontece até o dia 18 de junho. >
A partir das 18h, a rua virou um grande salão festivo que trazia o desfile junino com diferentes alas de dança, Trem Elétrico apresentando Marinês e Luiz Gonzaga cantando clássicos juninos e um carro adornado com palhas e chitas com os três santos da festa: Santo Antônio, São João e São Pedro. No cancioneiro, clássicos como Olha Pro Céu, São João do Carneirinho, Luar do Sertão, Fogaréu e Baião, que eram acompanhados por coro, palmas e os de dança afiados. Teve túnel, teve cobra e teve chuva — tudo de mentira, é claro.>
“Um desfile simplesmente maravilhoso, contagiante, a cara do nordestino. Eu sou do interior da Bahia, cresci no meio dos festejos e vir aqui hoje me desperta um pouco dessa memória afetiva. E é uma festa democrática, para todos”, afirmou a servidora pública Micaela Brito, que assistia ao desfile com sua família e amigos.>
O sentimento de Micaela era compartilhado por Paloma Santos, que decidiu levar seus dois filhos, de 4 e 10 anos, para curtir o cortejo e acabou se emocionando com o desfile. “Acho tão importante poder cultivar essas memórias em família, poder fazer coisas que as crianças se divirtam. Os olhos delas estão brilhando a cada fantasia que a — e os meus também”, disse, sorridente.>
A missão de interpretar a rainha do xaxado durante o cortejo ficou a cargo da dançarina e cantora Isis Carla, atuante na cultura forrozeira há mais de 30 anos, e que desde sexta-feira integrou o desfile como Marinês. “Eu vivo o São João o ano inteiro. Para mim, foi incrível ver a alegria das pessoas ando nesse cortejo nos três dias aqui no Pelourinho, desde crianças até idosos, até pessoas que conheceram Marinês e ficam felizes vendo essa representação. É maravilhoso”, afirmou.>
Trajados de cangaceiros, caipiras, espantalhos, vaqueiros, noivos e reis do milho, amantes do forró e da dança davam o seu melhor a cada batida da zabumba. Tinha espaço para iniciantes, como a estudante Lavinia Leite, 18, que pela primeira vez fazia parte de um cortejo junino e já declarava querer voltar outras vezes, até para quadrilheiros profissionais como o coreógrafo e dançarino Patrick de Jesus, membro do grupo Forró de Mandacaru. >
“Hoje viemos direto do ensaio para cá e, mesmo depois de uma hora de dança, a gente ainda se sente incrível porque estamos festejando uma dança da cultura popular. Acho que é assim, cantando, dançando e celebrando, que perpetuamos a cultura junina por muitos mais anos”, garante.>