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IA: A conversa chegou na cozinha

Talvez sejamos a última geração a abraçar as nossas cozinheiras coradas pelo vapor de as ao lume de fogo de verdade

  • Foto do(a) author(a) Kátia Najara
  • Kátia Najara

Publicado em 8 de junho de 2025 às 15:00

Os Jetsons
Os Jetsons Crédito: Reprodução

Não vá pensar pela ilustração que se trata de artigo saudosista. Estou mais do que consciente de que, por hora, esse papo de memória afetiva e amorzinho dançou. Estão fabrincando bebê e mulher gostosa hiperrealistas para suprir a carência da humanidade, sem essa de amorzinho.

Vendemos tudo para os bilionários. Nossa intimidade, sentimentos, pensamentos, amizades, segredos, desejos, tempo de vida, fé, inteligência, a terra, o ar, até as nossas mães nós vendemos. Vendemos não, entregamos de bandeja em troca de espelhinhos para a nossa vaidade. Eles pegaram tudo isso, moeram e transformaram num novo Deus, o Algoritmo. Onipotente, onipresente, que sabe mais sobre nós do que nós mesmas. Dele dependemos, nele acreditamos, a ele obedecemos.

O DIABO É SUJO

O que vivemos hoje faz o 1984 parecer ingênuo, porque veja bem, se no livro era o Estado de poder que obrigava as pessoas a instalarem "teletelas" em suas casas a fim de monitorar-lhes cada movimento, hoje somos nós que compramos (e pagamos caro) essas telas e prestamos esse serviço para sermos monitorados. Quem imaginaria em sua mais sagaz genialidade? O diabo é sujo.

Eu aguardo ansiosamente por uma grande mudança que infelizmente não virá de manifestações populares, ou de alternações político partidárias a cada quatro anos que nada são capazes de edificar ou modificar, a não ser à força de um regime ditatorial capaz de se manter no poder por 76 anos, como a China (nossa mais nova amiga de infância, louca para entocar data center no nosso solo e roubar nossa água para resfriar o TikTok deles). Resolve?

Antes eu pensava que só a queda do Capitalismo fosse capaz de nos salvar, e ele já está caindo por si só. O problema é que ele se transforma em desgraça ainda pior que já tem até nome de batismo, o tecnofeudalismo, orquestrado por meia dúzia de oligarcas das big techs. E até o maior poder e capital de guerra que nós, metade da humanidade, tínhamos contra toda essa devastação - que seria o nosso poder de escolha e do não-consumo - perde a batalha para a outra metade da humanidade - que parte se endivida com as bets glorificando influenciadoras soldadas de Satanás, parte compra a tranquila maternidade de um bebê reborn.

Só uma bomba, concordam?

MAS A CONVERSA TEM QUE CHEGAR NA COZINHA!

Fui fazer uma pequena introdução e escrevi metade do artigo sobre coisas mundanas. Mas a cozinheira precisa olhar para tudo isso, e ainda que não olhe, tudo isso ará pela cozinha. Quer ver?

O que eu queria dizer é que quando eu era pequena adorava Os Jetsons - esse desenho americano (lógico) da dupla Hanna-Barbera que ava no SBT nos anos de 1980, que falava de uma família que vivia num mundo totalmente automatizado num distante 2062 - e que assim como George Orwel, a dupla criadora não foi capaz de imaginar que o salto tecnológico da humanidade seria bem maior. E se a insólita (em minha vã filosofia infantil) "dinner machine" dos Jetsons - onde era só escolher o prato, apertar o botão, e a comidinha saía fumegante da máquina rolando até a mesa - foi o máximo de tecnologia que a dupla pode imaginar à época para 2062, hoje ainda em 2025, ela é café pequeno feito na cafeteira IA, porque mais do que uma simples máquina de fazer jantar, já existe cozinha robótica inteirinha, como a de um hospital alemão que prepara 120 refeições em poucos minutos sem um pé de gente.

Com qualquer U$ 1.750 já dá para comprar um robozinho chef que aprende por imitação. E eles já começam a chegar por aqui, e em pouco tempo serão íveis e fun-da-men-tais para muita gente.

Estão chegando também geladeiras que fazem inventário e sugerem receitas à partir do que você tem; e que já conversam com o forno para ele pré-aquecer, e com a máquina de lavar louça pra ela calcular o tanto de detergente à partir do menu.

Fogão com hubby IA que recebe a chamada do seu celular se ele estiver longe, e imagens do porteiro eletrônico. Fogão, gente. Não dá para deixar o fogão ser fogão. Não dá, esqueçam.

Câmeras também dentro do forno que já mandam o vídeo em timelapse para o seu celular que é para você publicar correndo a sua galinha doirada na rede social.

É isso. Talvez sejamos a última geração a abraçar as nossas cozinheiras coradas pelo vapor de as ao lume de fogo de verdade; a sentir o gosto do arroz que pegou no fundo da a ou empapou por falha humana, que a gente acolhe, ri e diz que tá delícia.

Aproveitem para lavar os pratos com as mãos em água corrente e pensamentos fluidos nos raros momentos em que elas não sustentam os celulares. Façam isso enquanto não é assim tão vergonhoso não ter máquina de lavar pratos, como já o é não ter air fryer.

Ainda bem que não fui eu quem escreveu, foi a IA (de) generativa.

Beijo!

Katia Najara é cozinheira livre, consultora e gestora executiva em projetos gastronômicos @katia_najara