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Morre aos 92 anos Niède Guidon, referência da arqueologia no Brasil

Ela transformou o Piauí em referência mundial e deixou grande legado à ciência e à cultura brasileira

  • Foto do(a) author(a) Carol Neves
  • Carol Neves

Publicado em 4 de junho de 2025 às 09:07

Niède Guidon
Niède Guidon Crédito: Divulgação/Fundham

Faleceu na madrugada desta quarta-feira (4),  aos 92 anos, a arqueóloga brasileira Niède Guidon, uma das maiores referências da arqueologia nas Américas. A informação foi confirmada por Marian Rodrigues, diretora do Parque Nacional da Serra da Capivara, no Piauí. “Partiu como um arinho, tranquila”, disse. A causa da morte ainda será informada pela equipe médica.

Nascida em Jaú (SP), Niède formou-se em História pela USP em 1959 e especializou-se em Arqueologia Pré-Histórica em Paris, onde também concluiu o doutorado e o pós-doutorado. Depois de oito anos na capital sa, ela desembarcou em São Raimundo Nonato (PI) em 1973, onde ou a ser conhecida por todos simplesmente como "a doutora".

Foi ali que desenvolveu um dos trabalhos mais importantes da arqueologia mundial, liderando escavações no Parque Nacional da Serra da Capivara, que modificaram o entendimento sobre a presença humana nas Américas. Através das suas descobertas, enfrentou resistências da comunidade científica internacional, mas foi reconhecida e reverenciada por seu trabalho.

Ao longo da vida, Niède fundou o Museu do Homem Americano, foi professora universitária, pesquisadora, e membro titular da Academia Brasileira de Ciências. Recebeu a honraria de grande oficial da Ordem Nacional do Mérito Científico e também o título de Doutora Honoris Causa pela Universidade Federal do Piauí.

A Fumdham (Fundação Museu do Homem Americano), criada por ela na década de 1980 para gerir o parque em parceria com o ICMBio, é um marco de sua luta pela preservação da memória cultural brasileira. A instituição confirmou seu falecimento com a seguinte mensagem: “Sua trajetória deixa um legado imensurável para a ciência, a cultura e a memória do nosso país. Seu nome está eternamente gravado na história.”

Autoridades lamentam

A Prefeitura de São Raimundo Nonato decretou três dias de luto oficial e destacou que Niède “deixou uma herança imensurável para a ciência, a cultura e o patrimônio da humanidade”.

A Prefeitura de Coronel José Dias, município que abriga parte do parque, ressaltou sua “coragem, visão e dedicação incansável”, afirmando que o trabalho da arqueóloga “ultraou os limites da ciência e da arqueologia”. Também anunciou luto oficial.

Em Teresina, o prefeito Silvio Mendes lamentou o falecimento e destacou a defesa que Niède fez da história do estado. A reitora da Universidade Federal do Piauí, Nadir Nogueira, afirmou que a arqueóloga “deixa um legado imensurável à ciência, à educação e à história do nosso país”.

A historiadora e antropóloga Lilia Schwarcz lamentou a perda. "Hoje é dia de lembrar de não esquecer", escreveu. "Niéde foi uma das primeiras a defender, com base em evidências arqueológicas, que o povoamento das Américas teria ocorrido há mais de 50 mil anos — muito antes do que se acreditava na época. Suas descobertas provocaram intensos debates na comunidade científica e colocaram o Brasil em destaque nas discussões sobre a pré-história do continente".