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Larissa Almeida
Publicado em 29 de maio de 2025 às 11:22
Um estudante universitário de 25 anos, morador do Rio de Janeiro, denunciou à polícia que foi vítima de racismo após ter sido apontado, sem motivo, como suspeito de um furto. O caso aconteceu na manhã da última quarta-feira (28). >
Gabriel Guimarães Secundino, que é estudante de Ciências da Computação, estava a caminho da aula na Universidade Estadual do Rio (Uerj) em Vila Isabel, na Zona Norte do Rio. Segundo informações divulgadas pelo g1, um motorista de caminhão parou o jovem dizendo que ele tinha furtado um celular de dentro de seu caminhão há pouco tempo. >
"Ele inicialmente me segurou alegando que tinha sido eu porque uma mulher viu que tinha sido um 'garoto'. O policial disse que conduziria a abordagem e, mesmo assim, o caminhoneiro ficou tentando me coagir, então eu comecei a gravar", contou Gabriel. >
Agentes do Segurança Presente, um modelo de abordagem de proximidade que suplementa a atuação da Polícia Militar do Estado do Rio de Janeiro, chegaram a impedir que o caminhoneiro agredisse o jovem. O homem, no entanto, não foi identificado ou levado para a delegacia. >
Enquanto os agentes davam e a Gabriel, um jovem que estava detido em uma lotérica pelo Segurança Presente aproveitou a distração das autoridades para fugir. O caminhoneiro, que ainda estava presente no local, esboça a reação de ir atrás, mas logo desiste. Os policiais não correm, e um deles questiona quatro vezes: "Eles estão juntos?", referindo-se a Gabriel. >
O universitário então questiona o motivo de o agente estar segurando-o. O policial repete a pergunta. Nas redes sociais, o jovem desabafou. “Fui parado, constrangido e acusado de cometer furto porque um garoto preto havia roubado minutos antes na rua. Eu só estava indo para a faculdade, mas num país onde ser negro é crime, eu sou sempre culpado”, disse. >
"No início foi ruim, senti que não queriam me atender. O registro constava só que tinha sido uma abordagem e minha advogada exigiu que constasse que só aconteceu a confusão porque eu era negro e estava ando na rua. Aí sim constaram a questão racial", acrescentou. >
Em nota enviada ao g1, a Segurança Presente confirmou o ocorrido, mas não mencionou a abordagem final que adotou contra Gabriel. “Os agentes impediram o caminhoneiro de agredi-lo e questionaram sobre a acusação. Durante a abordagem, outro rapaz que estava próximo, entrou correndo numa loteria. Os agentes também o revistaram mas nada encontraram. Mesmo assim este rapaz fugiu de forma repentina. Os policiais, então, fizeram uma busca na lotérica onde acharam o celular. O aparelho foi devolvido e todos liberados”, finalizou. >