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Como o estresse afeta a saúde da pele? Veja doenças que podem ser provocadas ou agravadas

Dermatologistas explicam conexão entre sistema nervoso e a pele, maior órgão do corpo humano

  • Foto do(a) author(a) Carolina Cerqueira
  • Carolina Cerqueira

Publicado em 25 de maio de 2025 às 05:00

Uma das doenças listadas é a dermatite seborreica
Uma das doenças listadas é a dermatite seborreica Crédito: Shutterstock

Foi depois de uma ligação por telefone sobre um assunto delicado, em outubro do ano ado, que a estudante Ana Clara Borges, de 18 anos, notou manchas vermelhas espalhadas pelo corpo todo e coceira nas orelhas. Ela conta que a ligação a deixou nervosa e ansiosa e que, depois de se acalmar e conseguir dormir, as manifestações na pele sumiram.

Você deve notar que, ao sentir vergonha, uma pessoa pode ficar vermelha e, ao sentir estresse ou euforia, os pelos podem se arrepiar. Está aí a explicação para o que aconteceu com Ana Clara. Como a pele e o sistema nervoso têm a mesma origem embrionária, os dois órgãos são bastante conectados, provocando marcas externas do que se a por dentro.

“Temos na pele diversos receptores e fibras nervosas que enviam sensações e estímulos para a medula espinhal e depois para o cérebro. Da mesma forma, as emoções parecem influenciar a liberação de substâncias que podem interferir na nossa pele”, explica a dermatologista Luise Daltro, preceptora da residência de Dermatologia da Universidade Federal da Bahia.

Como exemplos mais comuns do que o emocional pode causar à pele, Luise cita o hábito de roer as unhas e a queda de cabelo. O primeiro, também chamado de onicofagia, pode ser considerado como uma manifestação de ansiedade, assim como o hábito de tomar banhos excessivos e de morder os lábios persistentemente, causando fissuras.

O segundo pode ser dividido entre o hábito de arrancar fios de cabelo, chamado de tricotilomania, e uma queda de cabelo espontânea que pode estar relacionada ao estresse. “Isso aconteceria pelo aumento dos níveis de cortisol e adrenalina, que gera redução do fluxo sanguíneo para o couro cabeludo. Mas não é possível sempre associar ao estresse, pois condições como anemia e alterações de tireoide também podem causar alopecia”, pondera a dermatologista.

Para o dermatologista do Hospital Sírio-Libanês Reinaldo Tovo, o estresse causa um desequilíbrio emocional capaz de agravar ou fazer aparecer uma doença preexistente. Em situações nas quais a causa é genética, o fator emocional pode atuar como um gatilho.

Vitiligo
Vitiligo Crédito: Shutterstock

Alguns exemplos são dermatite seborreica (descamação), vitiligo (perda de pigmentação), dermatite atópica (coceira), psoríase (vermelhidão) e alopecia areata (perda de cabelo).

A veterinária Roberta Ferreira, de 28 anos, foi diagnosticada com dermatite seborreica no couro cabeludo. “É uma questão com a qual eu tenho que conviver. Eu sei que piora quando estou ansiosa. Quando ataca, eu faço o uso de um xampu especial, esse é o tratamento”, conta.

Roberta diz que começou a perceber as conexões do seu estado emocional com a pele aos 20 anos. Ela havia ingressado há pouco na faculdade e teve que lidar por cerca de um mês com placas vermelhas que provocavam muita coceira. Anos depois, na residência, foi diagnosticada com petéquia, manchas vermelhas na pele causadas por rompimento de vasos sanguíneos. Foi ali, aos 25 anos, que começou a fazer acompanhamento com um psiquiatra para lidar com a ansiedade.

Avaliação completa

O dermatologista Reinaldo Tovo defende que os médicos devem estar verdadeiramente atentos aos pacientes, buscando sempre uma análise a nível macro. “A gente encontra muitos diagnósticos errôneos porque ninguém pensa na parte emocional, ninguém pergunta se o paciente está com algum problema pessoal”, diz.

O especialista defende que as causas externas precisam estar elencadas ao lado dos problemas psicológicos e até dos medicamentos ingeridos pelos pacientes. “Os anticonvulsivantes, que são os mecanismos que tratam epilepsias e outros quadros neurológicos, podem causar ou piorar o surgimento de acnes. Quanto aos ansiolíticos, se for olhar a bula, todos eles podem causar vermelhidão na pele. É preciso estar atento”, alerta Reinaldo Tovo.

A dermatologista da Sociedade Brasileira de Dermatologia Ivonise Follador, é categórica ao dizer que “o corpo é um só” e que as separações das diversas especialidades médicas comprometem, no contexto atual, o atendimento integral. Ela ressalta que todos os dermatologistas, até mesmo aqueles voltados para atendimentos estéticos e da beleza, precisam estar atentos ao psicológico.

Caminho inverso

Luise Daltro defende o tempo de qualidade nas consultas dermatológicas também para identificar e dimensionar os possíveis sofrimentos emocionais causados por doenças de pele. Pensando no caminho inverso, a especialista reflete sobre o estresse gerado por uma coceira e o constrangimento, o isolamento social e o prejuízo para a autoestima provocados por questões como acne severa, vitiligo, transpiração em excesso.

“Alguns pacientes vão lidar bem com as intercorrências na pele, mas outros não. Para alguns, uma doença de pele pode ser desesperador, pode provocar uma sensação de que a vida acabou. Não é que o dermatologista vai virar psicólogo, mas é preciso dar atenção ao todo, faze encaminhamento, fazer uma parceria e conexão com o psicólogo ou psiquiatra que atende aquele paciente”, finaliza Ivonise Follador.