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Elaine Sanoli
Publicado em 30 de maio de 2025 às 05:30
As bonecas de silicone ultrarrealistas conhecidas como as bebês reborn têm ganhado cada vez mais espaço e repercussão dentro e fora da internet. O que antes era apenas uma brincadeira com bonecas fofinhas que imitavam com maestria uma criança, tem se tornado um problema para unidades de saúde, igrejas e até mesmo ao sistema judiciário. Na última terça-feira (27), uma recepcionista acionou a Justiça do Trabalho após virar motivo de piada no local de trabalho por solicitar licença-maternidade e salário-família para a sua "filha reborn". Especialistas apontam que mobilizar o judiciário indevidamente na tentativa de se beneficiar com os brinquedos pode incorrer em prejuízos financeiros. >
O advogado Roberto Figueiredo, especialista em Direito Civil e sócio do Pedreira Franco Advogados e Associados, explica que se o juiz entender que a causa levantada é infundada, o autor da ação pode ser condenado a pagar todo o custo do processo para a Justiça. "Sobre o ponto de vista do processo abusivo, as consequências básicas poderiam ser condenação em honorário advocatício para a pessoa derrotada e condenação no pagamento de custas e despesas", diz o profissional, que acrescenta que, somado a isso, pode ser adicionada uma multa por litigância.>
Litigância de má fé, segundo a advogada e especialista em Direito de Família, Larissa Muhana, ocorre quando são reconhecidas condutas processuais desleais, com o intuito de prejudicar a parte contrária ou o processo, violando os princípios da boa-fé. Apresentar recursos com argumentos que não possuem fundamentos jurídicos sólidos, para atrasar o processo ou prejudicar a outra parte pode ser considerado litigância de má fé. >
"A parte que se sentir prejudicada - o órgão público atingido com as demandas infundadas - pode pedir essa litigância de má fé em desfavor daqueles que estão acionando o judiciário indevidamente e pedir indenização e o pagamento de honorário de sucumbência", diz. A multa indenizatória pode variar de um a 10% do valor da causa. >
Roberto Figueiredo
Especialista em Direito CivilMesmo as ações que ocorrem fora das instâncias judiciárias também podem acabar levando a um processo. Casos como o de uma mulher, de 25 anos, que levou uma bebê reborn para receber atendimento médico em uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Guanambi, no centro-sul baiano, podem ser alvo de ação civil na justiça por solicitação do Estado. >
"Se essa pessoa causou tumulto, fazendo escândalo em um posto de saúde, ela pode responder por indenização. Se atrapalhou de alguma forma o serviço público, ela pode responder até por uma contravenção penal", explica Muhana. A UPA 24h em Guanambi atende uma média de 200 pessoas diariamente. A mulher não foi atendida, mas o caso foi relatado à direção da unidade, segundo a a prefeitura da cidade.>