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Fernanda Varela
Publicado em 11 de junho de 2025 às 11:39
Jornalista consagrado, Ernesto Paglia revelou que viveu dificuldades financeiras durante o período em que atuou como correspondente da TV Globo, em Londres. O marido de Sandra Annemberg conta que, se não fosse Galvão Bueno, ele sequer conseguiria pagar a creche do filho. A entrevista foi concedida ao Alt Tabet, do Canal UOL.>
Galvão Bueno
“Estava lá ando dificuldades, meu filho estava indo para a escolinha, fiz a matrícula, mas sabia que não teria dinheiro para pagar. Naquele ano apareceu o Galvão Bueno, que estava lá, eando pela Europa, atrás dos campeonatos de Fórmula 1. Fomos comer juntos em um restaurante ao lado do escritório da Globo, contei a história para ele, chorei as pitangas”, relatou.>
Segundo Paglia, Galvão sugeriu que ele pedisse um reajuste, mas também se prontificou a resolver a situação pessoalmente. “Ele perguntou: ‘Mas você não falou com a direção [de jornalismo da Globo]?’ Eu falei: ‘Mandei umas mensagens’... Na época não tinha nem e-mail, era carta por malote ou telex, que era uma coisa aberta e todo mundo lia... Era difícil, um assunto desagradável. Mas o Galvão falou: ‘Deixa comigo’. E ele voltou ao Brasil e resolveu a questão. O Galvão Bueno me salvou, sou grato até hoje. O Galvão, que é uma figura polêmica, nem todo mundo fala bem dele, mas eu falo”.>
Durante a conversa, Paglia também falou sobre a saída da Globo, após mais de quatro décadas na emissora. Disse que não foi uma decisão sua, mas uma consequência das mudanças no modelo de negócios da empresa.>
“Eu consegui chegar ao final da minha carreira na Globo com um salário muito bom, o que foi minha alegria por muito tempo, mas o motivo pelo qual tive que sair. Tranquilo, sem problemas, sem mágoas. Não foi minha escolha sair, mas é um novo momento da empresa, de um modelo de negócios diferente”, afirmou.>
Ele explicou que deixou a emissora em bons termos. “Saí da Globo há dois anos deixando as portas abertas. Não tenho problema nenhum com a Globo, nem a emissora comigo, a não ser aritmético, foi o que foi me dito. Hoje o público vai ao streaming e determina o que quer ver. Isso muda o modelo de negócio, mudou o faturamento. É um negócio e tem que ser ajustado para não morrer”.>
Paglia também desfez o mito de que a vida de correspondente internacional é glamourosa. “Normalmente o correspondente ganha até menos porque você vai para esses lugares e não é que você eleva seu salário, você vai pelo salário do lugar, que é adequado à realidade daquele local”.>